segunda-feira, 21 de junho de 2010

Pra ultrapassar o que eu me tornei

Finalmente eu percebi quanto tempo escorreu entre meus dedos, enquanto eu estava ali sentada ouvindo as pessoas dizerem o que era melhor pra mim, eu ficava quieta e obedecia. E essas pessoas? Bom, elas continuavam vivendo. Sei que agi como um fantoche, uma frágil marionete nas mãos de gente que achava que sabia o que era melhor pra mim, eu desperdicei chances, deixei pessoas irem, coisas que eu gostava passarem nulas, sem nem pelo menos ter tentado. Eu simplesmente deixei passar, fui de pouco em pouco acumulando coisas que eu abandonei inacabadas e sentimentos mal resolvidos. Era como não beber toda a água que estava no copo, mesmo sentindo sede. E quando menos esperei caiu o véu que cobria meus olhos e então eu pude ver o quanto eu precisava viver imediatamente, tornar reais meus desejos, sem que ninguém me diga o que melhor. Me deixe quebrar a cara, eu não me importo em levantar mais uma vez e sacudir toda a poeira, me aconselhe, mas não tente me impedir. Nem mesmo se eu não conseguir o que eu desejo, eu quero sentir fluir por entre meus lábios: "Pelo menos eu tentei". Viva e me deixe viver, pelos meus erros eu me puno sozinha, não se preocupe. E se for pra me mandar desistir, poupe suas palavras.

Nos fones de ouvido: What I've Done - Linkin Park

domingo, 20 de junho de 2010

Retirar as coisas velhas do armário

Mais um sábado nublado e ela estava sentada no chão do quarto revirando as gavetas entulhadas de coisas que á meses ela não tocava mais, finalmente havia chegado a hora de colocar nos seus devidos lugares todas as coisas velhas que estavam espalhadas no armário. Abriu uma caixinha laranja e lá estavam os seus dentes leite, aqueles que sua mãe havia lhe dado para guardar de lembrança. Em um embrulho azul anil contia um incenso de ervas, num impulso ela correu para pegar uma caixinha de fósforos e acender o tal incenso, o aroma tranquilizador dominou o quarto colorido e fez ela sentir que estava tudo em paz. Então, para sua surpresa achou embaixo de uma pilha de papéis antigos um álbum de fotografias, era ela no auge dos seus seis anos. Sorria em todas fotos ao lado dos velhos amigos, alguns ainda estavam perto dela, outros fingiam que não a conheciam ao vê-la na rua. No entanto, aquelas fotografias revelavam o quanto era bom ser criança, ela não se preocupava com seu cabelo, nem com suas roupas, nem com garotos, apenas em brincar. Ao pensar nisso, ela até tentou chorar, mas logo um sorriso se abriu, porque não lhe vinha tristeza para as lágrimas, mas sim alegria para um sorriso, ao pensar em todos os bons momentos que viveu. E tudo bem se já passou, tudo na vida tem seu tempo e ela sabia que nada era eterno, nem os sentimentos, nem as pessoas que cruzassem seu caminho, nem mesmo aquelas fotografias que estavam em suas mãos eram eternas. Talvez o que mais irá durar, são essas doces lembranças da infância. Assim, juntou as fotos num bolo, as espremeu junto ao peito, suspirou e sorriu feliz. Afinal, era preciso sacudir a poeira e seguir em frente.

Créditos da foto a modelo Nathália Ferrari e a fotógrafa Amanda Ariotti.
Nos fones de ouvido: Tudo em paz - Seu Cuca

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Confiança

"[...] Era como se o meu coração estivesse sendo rasgado ao meio. Ambos passaram por tanta coisa comigo. Lembrei-me de Grover bombardeando a medusa no jardim de estátuas, e de Annabeth nos salvando de Cérbero; nós sobrevivemos ao Parque Aquático de Hefesto, ao Arco de St. Louis, ao Cassino Lótus. Passei milhares de quilômetros preocupado porque seria traído por um amigo, mas aqueles amigos jamais fariam isso. Eles não fizeram nada a não ser me salvar, vezes e vezes seguidas, e agora queriam sacrificar suas vidas pela minha mãe. [...]" Percy Jackson e os Olimpianos, o Ladrão de Raios - Rick Riordan

sábado, 12 de junho de 2010

Sentir-se bem

Às vezes ela sentia que podia tocar o céu sem tirar os pés do chão, ela sentia seus olhos falarem mais que sua boca e seus cabelos voarem com o vento frio de outono, e sentia-se feliz. Allstar sujos nos pés, trench coat preto, manta colorida e os olhos delineados, ela queria passar assim o resto da vida. Atravessava as ruas movimentadas como se nada a incomodasse, nem mesmo o frio e nem mesmo os olhares intimidadores, nada. Sua mente vagava em lembranças e sentimentos que hoje pareciam enterrados, como suas brincadeiras de infância e seu primeiro beijo, tudo parecia longe, mas pertencia a história dela. E por mais que muitas coisas um dia quase a corroeram de arrependimento, hoje ela ria de tudo que havia passado, e sabia que se o tempo voltasse, teria feito tudo exatamente igual. Adeus arrependimento, não volte mais. Ela sentia-se tão bem, que nem ligava mais pro fato do dia dos namorados estar se aproximando e ela não ter um, nem ligava mais por não ter aquele par de akle boots maravilhosas, não ligava pra ser magrinha demais e nem pra ter um cabelo desgrenhada, apenas sorria satisfeita por ter conseguido chegar até ali! E de fato, quando se sentia assim, as coisas pareciam dar mais certo, de alguma forma, a vida gosta de quem gosta dela.

Nos fones de ouvido: Suddenly I See - KT Tunstall

sábado, 5 de junho de 2010

Só tua presença vai me deixar feliz, só hoje

Havia muito tempo que ela não sentia nada especial por alguém, muito desde sua última paixãozinha, muito tempo desde sua última desilusão, porém o medo de sentir-se sem chão ainda estava dentro dela, e não permitia que ela acreditasse que outro alguém pudesse a fazer sorrir, fazer suas pernas tremerem, fazer com que ela quisesse que um beijo durasse o infinito, havia realmente muito tempo. Ultimamente nada tinha feito seu coração bater mais forte, nada fez com que sentisse alguma sensação mágica e desconhecida. Mas suas amigas tinham percebido que um sorrisinho bobo sempre se abria e a iluminava quando ele passava, aquele garoto mais velho e totalmente desgrenhado, mas ela sabia que não tinha chances. E mesmo sem nunca ter conversado com ele, ela sentia que quando seu olhar acompanhava os movimentos dele, o olhar dele cruzava com o dela, não conseguia acreditar que era possível que ele estivesse realmente olhando para ela, mas no fundo ela amava isso. E naquele dia, sentada sozinha num banco qualquer no pátio da escola, enquanto o sol aquecia sua pele e iluminava seus longos cabelos cacheados, desviou os grandes olhos verdes do livro que estava lendo e o observou passar logo atrás da turma dele, ela não resistia ao impulso de continuar olhando, mas conseguiu desviar os olhos novamente, passando a mão nos cabelos e tentando voltar sua atenção para o livro. Ela sussurrava pra si mesma: "Pare com isso, pare com isso, você está muito bem sozinha e é assim que vai ser, sempre foi assim!". Foi então que ela percebeu que alguém havia se aproximado, meu Deus, era ele, o garoto mais velho, com seu cabelo desarrumado, seus olhos brilhantes e seu sorriso perfeitamente espontâneo e branco. Ela piscou os olhos repetidamente, para ter certeza de que não estava enlouquecendo, mas não era sonho, era a realidade ali, a sua frente. Ela ergueu os olhos, ainda descrente, e ele pegou a mão dela e pediu se estava tudo bem, ela sorriu e concordou com a cabeça. Eles permaneceram ali sentados no banco, conversando até o último sinal soar, ele pediu se podiam se falar no dia seguinte, ela sem pensar respondeu que era tudo que mais queria e logo ficou vermelha de vergonha, ele riu, chegou mais perto, deu-lhe um beijo no cantinho da boca e despediu-se. Para ela tudo aquilo foi surreal, seguiu de volta pra casa, sorrindo, não conseguindo acreditar que ele havia reparado nela, que ele havia ido conversar com ela, mas sim, era tudo realidade.

Nos fones de ouvido: Só Hoje - Jota Quest

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Aprender a ser forte?

Às vezes a comodidade nos acostuma mal, eu falo isso porque, quando temos algo que esteve ali à vida toda e mais três dias, nós não damos valor suficiente. Pelo menos, eu notei que não dei, e só notei isso quando pareceu estar na reta final, quando senti que simplesmente não teria mais toda essa segurança, ali bem do meu lado. E então eu senti aquele aperto no fundo do peito, aquele nó na garganta, era como se eu estivesse na beira de um penhasco, pronta para despencar e dar de cara no chão. Eu precisava ser forte, mas não é bem assim, simplesmente levantar de manhã e dizer: "Eu sou forte e ninguém pode comigo!". Não, realmente, não é assim. Por vezes e vezes eu jurei que iria aguentar o que quer que aconteça, apenas juramentos. Ok, algumas coisas eu realmente enfrentei e superei, mas hoje eu tenho a certeza de que só consegui porque senti a segurança do meu lado, a segurança que hoje eu não sentia, não via mais ao meu lado. Bom, você deve estar pensando que eu estou triste, deprimida ou o que for, mas de fato nenhuma lágrima caiu dos meus olhos, o que eu senti apenas foi saudade, saudade de quem eu acho estar perdendo...

Realmente é o mais difícil.

"Tu julgarás a ti mesmo, respondeu-lhe o rei. É o mais difícil. É bem mais difícil julgar a si mesmo que julgar os outros. Se consegues julgar-te bem, eis um verdadeiro sábio". Saint-Exupéry
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